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Depressão, obesidade e nutrição.

Atualizado: 15 de jan.

Definir e diagnosticar obesidade é muito fácil, basta pegar o seu peso e dividir pela sua altura duas vezes, se o resultado der acima de 30, é obesidade. Já o diagnóstico da depressão é majoritariamente clínico e deve ser realizado por profissionais da área da psicologia e psiquiatria. Perda de peso, problemas com sono, hiperatividade motora são sintomas não obrigatórios, mas alteração do humor para deprimido e por um longo período de tempo com alta intensidade se enquadra em uma recomendação para que o profissional de nutrição encaminhe o paciente para acompanhamento terapêutico. Não adianta cuidar do corpo e não cuidar da mente. Mas acima de tudo, não adianta cuidar da mente e esquecer o corpo. A seguir vou discorrer o que a ciência vem esclarecendo relacionando com a minha pratica clínica, é um conteúdo extenso mas vou tentar ser o mais breve possível, leia até o fim e deixe o seu comentário ao final da leitura. A palavra homeostase significa basicamente equilíbrio, mas não é isso. Se estivermos "equilibrados" morremos. A melhor definição para essa palavra que já vi é: "Manutenção relativamente constante do desequilíbrio". Nosso corpo é genial e é realmente uma constante luta entre estar perdendo e ganhando, queimando e regenerando, negativo e positivo. Vamos até o final das nossas vidas viver nesse ciclo e a "felicidade" será medida pela quantidade de parâmetros e dias bons VS ruins.


Tudo começa com pensamentos negativos que, muitas vezes, não acontecem por motivos banais. Por exemplo, problemas de relacionamento com pessoas da família podem gerar uma sensação de vazio, fazendo com que a pessoa desconte nos alimentos ricos em açúcares refinados, que levam a uma sensação de bem-estar (por conta da estimulação de serotonina e dopamina). Esses dois neurotransmissores estão ligados a um aumento de tranquilidade e confiança, fazendo com que os momentos estressantes e tristes fiquem mais zen. O problema é que na vida, podem aparecer diversas situações que interferem no emocional, podendo gerar um transtorno alimentar quando esse comportamento se torna repetitivo. A partir de uma disfunção alimentar há possivelmente uma modificação no peso e maior tendência ao sedentarismo. Sobrepeso é uma situação corpórea que define ritmo cardíaco, intestinal e metabólico, assim, patologias podem começar a aparecer e uma necessidade de mudar hábitos antigos torna-se uma dificuldade emocional. Na maioria das vezes uma depressão surge de situações que o ser humano não consegue resolver por conta própria, por isso é muito importante um acompanhamento do profissional de psicologia, inclusive em transtornos alimentares. Contudo devemos entender que a nossa mente faz parte do nosso corpo, e as alterações na depressão, segundo as pesquisas (em humanos) são em uma região chamada Eixo Hipotálamo Pituitária Adrenal (HPA). Hormônios estão envolvidos neste processo, sendo comportamentos e hábitos determinantes na produção destes sinalizadores. Você já deve ter escutado palavra feedback, que significa uma resposta dada a um estímulo como uma maneira de avaliá-lo. Se você entender o que eu vou te dizer agora é como entender tudo, sem precisar entender nada: O seu cérebro está o tempo todo avaliando o que você faz com o seu corpo. Quando você bebe bebida alcoólica e tem ressaca, é uma avaliação. Quando você engorda por comer besteira sequencialmente é uma avaliação. Quando você fica deprimido e sente isso, é uma avaliação do seu cérebro. Só que não é tão simples assim na prática, principalmente viver sem estresse e outros sentimentos negativos que podem evoluir para uma depressão. Enxergar as pessoas que já se encontram com a doença instalada é comum hoje em dia, e muita gente tem o ruim hábito de dizer: "Sai dessa". A simplicidade da solução neste caso não é tão comum, visto que envolve diversos fatores e situações de vida.


Medicamentos não resolvem, apenas remediam. No intestino é produzido 90% da serotonina que chega ao cérebro, então, melhorar o funcionamento desse órgão é um excelente caminho não apenas para auxiliar nos tratamentos aplicados por profissionais da área cognitiva, mas também prevenir o quadro de depressão. Atividade física é essencial para vida do ser humano, mantém o corpo saudável, a mente positiva e operante. Todos nós devemos nos manter alertas quanto ao estado emocional, não permitindo que situações emocionais interfiram em nosso humor, principalmente constantemente. Força de vontade não adianta, muita vezes você tem que moldar seu ambiente. Ao invés de ir para o bar, vá fazer atividade física. Ao escolher comer um bolo açucarado, faça uma refeição nutritiva, ajude o seu cérebro a te ajudar. Muitas vezes pessoas se encontram em situações mentais difíceis e esquecem que o que pode piorar ainda mais são os substratos fornecidos ao organismo. Hoje a indústria alimentícia vem adoecendo as pessoas pela boca e intestino, enquanto a farmacêutica preparara-se para o grande número de doentes que estão por vir.


Publicado na revista JAMA Psychiatry, o estudo denominado Genetic Association of Major Depression With Atypical Features and Obesity-Related Immunometabolic Dysregulations verificou que é crescente o número de pessoas deprimidas que também apresentam problemas metabólicos, como diabetes tipo 2 ou excesso de peso, e vice-versa, os pesquisadores procuraram compreender a mecânica que une estas duas condições. Assim, analisaram as variações na sequência de genes de pessoas com depressão e obesidade, em busca de semelhanças. De acordo com os pesquisadores, a depressão pode começar com uma inflamação generalizada (indicado por PCR elevado) que "se espalha" para o cérebro e prejudica a produção ou transmissão de hormônios envolvidos na regulação do humor e do metabolismo. O que há de mais importante nessa pesquisa em minha visão é que pessoas com depressão e obesidade tendem a ter uma alteração na análise da realidade, proporcionada por uma inflamação, ou seja, tudo isso que falei anteriormente, interfere em uma área do cérebro chamada de Córtex Cingulado Anterior, que tem como função fazer um discernimento do que é real ou não, do que vale a pena forcar ou não e isso é determinante na qualidade de vida do ser humano. A obesidade é uma doença, a pessoa está o tempo inteiro em processos inflamatórios. Precisamos ter durante a nossa vida a capacidade de escolha e discernimento. Estou dizendo que a pessoa com obesidade e depressão tem a menor capacidade de escolha? Sim. Entender isso é o primeiro passo para evitar uma associação dessas duas patologias. O primeiro "passo físico" para sair da depressão, é evoluir o corpo. Não adianta pensar diferente, observe na prática e vai ver que pessoas que deixam essa parte da vida de lado, dificilmente conseguem se estabilizar 100% novamente. Precisamos de um novo estilo de vida, os medicamentos são necessários em muitos momentos, mas remediar não é curar. As sessões de terapia são fundamentais, mas precisam de neurotransmissores regulados e produzidos com eficiência para que o ser humano tenha constância em seus pensamentos corrigidos e firmeza para conseguir sair do fundo do poço. Vale lembrar que sábio é aquele que aprende com o erro dos outros, então isso serve para todos nós, quem tem ou não depressão.


O principal fator para elevar estatísticas de depressão e obesidade é o estresse. Hoje podemos observar a nos deparar com adolescentes e adultos cada vez mais estressados. Uma vida corrida, cheia de compromissos e notoriamente deixando a saúde e corpo para depois, achando que curtir a vida é trabalhar muito durante a semana e chegar aos finais de semana relaxar com hábitos que são cada vez mais deletérios as boas condições do cérebro. É uma grande ilusão é viver neste ciclo e não entender que a maior parte do estresse cognitivo, metabólico e oxidativo somos nós mesmos que provocamos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (WHO, 2004), a depressão é caracterizada por um período contínuo e prolongado de humor deprimido e perda de interesse e prazer em quase tudo. Nessa situação são comuns sintomas de fadiga, irritabilidade, baixas auto-estima e autoconfiança, visões sombrias e pessimistas do futuro, idéias de culpa e desvalia e de auto-agressão e suicídio. Vou citar 5 comportamentos que podem parecer normais, mas que estão presente na vida de maior partes das pessoas que apresentam sintomas de ansiedade ou já foram diagnosticados(as) com depressão: 01. Frequência em 4 vezes ou mais mensalmente de ingestão de bebida alcoólica. Parece bom quando se está bebendo né? Alegria? Euforia? O álcool é um depressor do sistema nervoso central (SNC) que exacerba os sintomas depressivos principalmente nos dias seguinte.


02. Estresse contínuo. Diversos trabalhos experimentais mostraram que hormônios do estresse (Cortisol e outros) prejudicam a saúde dos neurônios, porque modificam a composição química do meio em que essas células exercem suas funções.


03. Sono irregular. E, não é apenas insônia, a hipersonia que é dormir demais, também interfere no eixo do cortisol. Quem dorme muito ou pouco, tem uma produção ineficiente e isso também vai interferir em sua sensação de bem-estar.


04. Epigenética, que é como você ativa a sua informação genética. Quando falamos de patologias não podemos esquecer que possivelmente já exista alguma informação no DNA. Mas vale lembrar que a ativação dessa informação ruim depende muito do estilo de vida. Sedentarismo e tabagismo por exemplo, podem fazer uma pessoa que só teria uma depressão em seu humor aos 80 anos de idade, que é visto como normal, apresentar sintomas aos 35 anos de idade, tornando a situação crítica, já que existe toda uma vida pela frente.


05. Alimentos industrializados. Observe quantos adolescente estão depressivos, perguntem o que eles gostam de comer. Um estudo realizado por uma equipe de pesquisadores da University College London, na capital britânica, indica que dietas ricas em alimentos industrializados aumentam o risco de depressão. Nesse estudo a sua conclusão ficou comprometida por não avaliar também o estilo de vida em geral dos indivíduos. Vale lembrar que somos a soma de tudo que fazemos, e um somente um fator não é determinante em nossa condição de vida. Mas podemos sim confirmar e associar diante o amplo acervo de pesquisa que relacionar açúcar com problemas cognitivos é uma forma de entender o crescimento de patologias como ansiedade, alzheimer e depressão, essa variante já é muito bem fundamentada em nossa ciência. Alimentos industrializados são ricos em açúcar, conservantes, gorduras saturadas e hidrogenadas, sendo um grande lixo para o cérebro.

Vou listar 10 fatores ligados à nutrição que colaboram com um cérebro saudável:

  • Consumo de açafrão, conhecido também como cúrcuma.  

  • Ter uma alimentação variada em frutas, verduras e legumes.

  • Ovo de galinha cozido é uma excelente fonte de proteína, rico em vitaminas e minerais que participam diretamente da produção hormonal.

  • Lembrar-se de checar a sua Vitamina C e D.

  • Sua ingestão de água diária não deve ser menor do que 0,30ml por kg.

  • Evitar medicamentos desnecessários. 

  • Fazer exercícios diariamente e tenha de 7 a 8 horas de sono por dia.

  • Evitar se envolver profundamente com situações estressantes, quase tudo passa.

  • Não consumir alimentos rico em açúcar refinado no dia-dia.

  • Procurar conhecer mais sobre você. Procure um atendimento psicológico para corrigir os erros e potencializar os acertos, sempre podemos melhorar.




NUTRICIONISTA
JAYME ASSUNÇÃO
CRN 11090

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